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 Entrevista: Renato L - maio/1998

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Will




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MensagemAssunto: Entrevista: Renato L - maio/1998   Entrevista: Renato L - maio/1998 Icon_minitimeQua 20 Ago 2008, 11:57

Fonte: http://officina.digi.com.br/entrevista2.html

Renato L
maio/1998

Capa do Afrociberdelia: ícone do movimento Mangue

Renato L., jornalista, é um dos principais responsáveis pelo conceito Mangue que deu sustentação a toda a cena pop de Recife. Junto com Fred 04 (Mundo Livre S.A) e Chico Science escreveu e desenvolveu o Manifesto “Caranguejo com Cérebro”, marco inicial do movimento Manguebeat que tomou conta do Recife e estica suas antenas por todo o Brasil e o mundo.

Anderson Foca – No começo dos anos 90, surgiu todo o conceito do Manguebeat fale um pouco de como tudo começou.

Renato L. – Essa história começou na virada dos anos 80 para os 90 e foi com uma turma que frequentava os mesmos lugares. Lá trocávamos informação sobre música, discos, enfim, tudo girava em torno de música. Todo mundo desta turma tinha a vontade de trabalhar com arte e ao mesmo tempo lamentava a situação em que Recife se encontrava. Um dos caras que participavam destas reuniões era Chico Science. Um belo dia estávamos reunidos num bar e Chico chegou dizendo que tinha feito um som inovador, misturando hip hop com maracatu e sugeriu chamar este groove de mangue, que é o ecossistema em cima do qual Recife é construído.

Anderson Foca – Então daí nasceu o nome Manguebeat?

Renato L. – Como todos na mesa tinham projetos artísticos a gente resolveu aumentar o projeto em si. Dissemos a Chico Science que era perigoso chamar um groove de mangue por que faria com que ele ficasse preso para sempre nesse ritmo que era uma coisa contra os nosso princípio que é o da diversidade. Começamos então a viajar neste conceito e creio que 70% do que se fala do mangue hoje saiu naquela noite.

Anderson Foca – O próprio mangue passou a ser o maior ponto de referência da cena.

Renato L. – O curioso é que na época o Fred 04, que hoje é do Mundo Livre S.A., estava fazendo um vídeo sobre os manguezais e passou todas as informações de que precisávamos. Ai foi só fazer um paralelo entre os dois mundos, a diversidade do mangue com a diversidade dos nossos projetos artísticos. Daí nasceu o Manguebeat que todos conhecem.

Anderson Foca – Fale um pouco sobre esse projeto do Itaú Cultural. Aqui em Natal as pessoas estão em dúvida sobre como participar.

Renato L – Esse projeto chama-se “Rumos Musicais” e tem como objetivo mapear toda a produção musical brasileira contemporânea que tenha influência de música regional. O spectro que o projeto pega vai desde o cantador de coco na beira da praia até música eletrônica com algumas pitadas de música regional.

Anderson Foca – E para se escrever? O que fazer?

Renato L. – É fácil. É só mandar um cd ou fita com um pequeno release para Fundação Joaquim Nabuco, Recife/PE, rua Henrique Dias, 609, Derby, CEP:52010-100, telefone: 81 421-3266. Quem quiser mais informações e também para obter o formulário de inscrição é só ir no site www.itaucultural.org.br. O país será dividido em dez regiões e cada uma delas vai mandar cinco representantes para a fase final do projeto. Quem alcançar este estágio gravará um cd coletânea com distribuição nacional, além de fazer também uma participação em um vídeo promocional que será veinculado nas tvs públicas.

Anderson Foca – Passado todo esse disse-me-disse envolvendo o Manguebit. O que esperar de Recife daqui para frente?

Renato L. – A cena do Recife já é estabilizada. A força que ela tem dentro da cidade é imensa inclusive com envolvimento social e tudo mais. Por outro lado as praias continuam sujas, mal cheirosas e 50% da população mora em favelas. Eu acredito que o movimento artístico assim como demorou para acontecer vai demorar para acabar. Os pioneiros continuam lançando discos e trabalhando, a Nação acabou de lançar um disco novo, o Mundo Livre também, o Devotos continua bem, além de termos muitas novidades como Sheik Tosado, Otto, Cordel do Fogo Encantado, entre outros. Todo mundo continua mandando brasa.

Anderson Foca – Alguma novidade?

Renato L. – Acho que está surgindo muita coisa nova na área de música eletrônica. O Dj Dolores e outros artistas estão começando a desenvolver um trabalho muito interessante nesta área.

Anderson Foca – Falando agora do lado jornalístico de seu trabalho. Como anda o seu trabalho com a internet?

Renato L. – Eu trabalho com uma e-revista chamada manguetronic (www.manguetronic.com.br). Lá a galera pode encontrar notícias sobre a cena pernambucana e assuntos de interesses diversos. No site também mantenho uma FM virtual onde divulgo os sons da galera de Recife e de todo nordeste.

Anderson Foca – MP3, você é contra ou a favor?

Renato L. – Particularmente eu sou bem favorável a mp3. Essa coisa do Napster só é ruim para as grandes corporações que trabalham com a música. Para todo o resto é muito bom. Então se é bom para a maioria da classe artística é bom para mim.

Anderson Foca – Cite cinco bandas que você viu por aqui pelo nordeste que tem chance numa grande gravadora.

Renato L. – Vou começar sendo diplomático citando o Isaque Galvão que me disseram ser um excelente artista, a Cabruera da Paraíba, DJ Dolores do Recife, Cidadão Instigado do Ceará e o Sonic Jr. de Maceió.

Anderson Foca - Apareceu em Recife recentemente uma cena de guitar bands. O que você acha delas?

Renato L. – Esta cena tem um pouco de problema com o pessoal do mangue, o que é uma grande bobagem. Não necessariamente uma banda recifense tenha que usar tambor. O Devotos, Faces do Subúrbio e Mundo Livre estão ai para provar isso.

Anderson Foca – Para terminar, você concorda como Samuel Rosa do Skank que diz que misturas e tambor viraram clichês?

Renato L. – Eu acho que tem um pouco de clichê mas faz parte da música pop. Acho que um som legal sempre influência as pessoas. Não acho nenhum crime uma banda ser influenciada pela Nação Zumbi. A própria Nação Zumbi sofreu influência do Olodum, coisa que eles não gostam muito de comentar.
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